 
					O estudo analisa a quantidade, o padrão e a persistência da recuperação orestal na Mata Atlântica entre 1993 e 2022, com base em dados do MapBiomas e em informações fundiárias, regulatórias e ambientais. Observou-se uma recuperação expressiva de 4,9 milhões de hectares (área superior à do estado do Rio de Janeiro), sendo 78% de recuperação persistente (3,8 milhões de hectares) e 22% efêmera (1,1 milhão de hectares), posteriormente desmatada.
A recuperação ocorre predominantemente em terras privadas (76%), com maior concentração em pequenas propriedades (de até quatro módulos fiscais), responsáveis por quase metade da área recuperada. A cobertura florestal também se concentra, em grande parte, em Áreas de Preservação Permanente (APPs), Reservas Legais (RLs) e em áreas não mecanizáveis de alta declividade.
A análise indica que a recuperação florestal contribuiu com o estoque de ao menos 98 milhões de toneladas de carbono entre 1993 e 2022, embora as perdas de áreas efêmeras tenham resultado na emissão de cerca de 22 milhões de toneladas.
Os resultados deste estudo apontam um alto potencial de sucesso para instrumentos bem desenhados que possam aumentar a recuperação total da cobertura florestal na Mata Atlântica e a sua permanência. Essa recuperação ocorre em grande extensão, com parte significativa das florestas presentes em áreas protegidas pelo Código Florestal, em terras de baixa aptidão agrícola ou em áreas com baixo valor econômico para produção agropecuária. Além disso, tem grande participação em imóveis pequenos. O custo de oportunidade pode ser baixo, com grande impacto para a ampliação e a permanência da cobertura florestal no bioma, sua conservação e a provisão de serviços ecossistêmicos.
O estudo recomenda mecanismos que combinem ações de comando e controle com incentivos econômicos. Propõe uma priorização para incentivos que considerem o tamanho do imóvel, a obrigatoriedade de recuperação e o uso potencial da terra. Também sugere o fortalecimento do PPCDMA (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Mata Atlântica), Planaveg (Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa e PSA (pagamentos por serviços ambientais), além da criação de novas regras e instrumentos que impeçam a supressão de florestas em recuperação e estimulem a permanência e a expansão da cobertura florestal no bioma.
